quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estou a caminho


Só uma Kombi azul, meio velha com rasgos nos bancos, crianças pedindo doce no dia de Cosme e Damião, comprando doces dos vendedores ambulantes, achando atalhos nos postos de gasolina, comprando figurinhas na banca de jornal, tentando se ocupar no trânsito da cidade grande. Cachorro quente ou pipoca com Fondor; podia ser qual fosse a surpresa de sexta-feira, seria sempre suficiente pra deixar todo mundo sorrindo. “Penna, você leva os gêmeos ou prefere que a gente espere a Dedé?”
Bel, Ly e Gabriel, eu não esqueci vocês.

sábado, 17 de setembro de 2011

Isso tem que mudar


Ele bêbado, fedendo a cigarro. Ela lá dentro, pisando na lama. Eles na rua, reclamando, querendo entrar. Elas ouvindo música, ligando, chamando os amigos. E eu, no meio, pirando; uma vontade imensa de chorar, me esconder debaixo dos cobertores, no meio do abraço dos pais.
Mas se desesperar não adianta, não resolve os problemas. Não sei mais o que fazer. Nem as palavras conseguem mais me ajudar.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Coordenadora, papai, mamãe


Juro que tentei.
Juro que me esforcei.
Eu não consegui.
Geometria da molécula, hialuronidase, eutanásia, bomba de Na e K, par de elétrons não ligantes, Conferência de Berlim. Escutei, mas não entendi. As anotações no quadro, o rosto dos professores, tudo eu tentava ver, nada eu conseguia compreender.
Não foi falta de vontade. É tudo culpa da conjuntivite.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dependente antes, durante e depois


Viver é estar morrendo. Quero morrer contigo enquanto estiver vivendo. Passar o resto dos meus dias em nosso leito de morte, bem junto àquele que faz minha vida.
De mãos dadas sob o grande guarda-chuva preto, indo decompor no caixão de vidro. Um amor desinibido, sem vergonha de nossas vergonhas, nenhum acanhamento desse sentimento mortífero. Essa droga de dependência eterna, mas que sem ela não haveria o porquê de viver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O mais perto do tradicional


Sol ofuscante, céu de lilás. Cachinhos dourados pendendo no ar. O vento soprava, as folhas cantavam, e escondida no canteiro eu fiquei. Pássaros cortavam o céu, os cachorros latiam e o gato do vizinho já me olhava curioso. O que estaria uma menina fazendo no meio das flores? Procurando rosas de todas as cores, margaridas de muitos rostos, girassóis de vários tamanhos.
Mas isso tudo não é loucura não, seu beija-flor. Tenho uma amiga tão doce quanto mel, tão pura quanto pólen, que está fazendo aniversário. A importância que ela tem pra mim, não consigo medir ou sequer demonstrar. Não pretendo levar tuas flores, mas queria que ela as visse. Eu vim aqui te chamar, pra ir comigo na festa dela, e ver com teus próprios olhos, o raio de Sol que ela é. Poderias depois convidá-la, pra ver esse colorido todo?
Um ano e uns bocados, Dona Lauren sem vergonha, e já achasse um lugarzinho nesse coração de pedra. Espero que não saias dele nunca, mas se a senhorita fugir, pode ter certeza que poderá sempre voltar. EU TE AMO, muito.
Mariana M.
Florianópolis, Brasil
05/08/2011