sábado, 19 de novembro de 2011

Para ponto passa


Eu parada. No ponto. O ônibus não passa, só os carros passam. Passam e passam e passam. A fachada do prédio é limpa, está sendo limpa, está ficando limpa. Os carros passam. A fachada é limpa. E eu parada. Um ruído. Um carro passa. O carro que passa faz um ruído. O ruído é um barulho. O barulho para. Não para o barulho. O barulho faz parar. Parar os carros que passam e a fachada que é limpa. Eu parada. Já era assim, já era parada, já estava parada. Eu parada. Os carros passam. A fachada é limpa. O barulho para. Para o barulho. Eu parada. O ônibus passa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Note que; é desinteressante


Eu queria transformar em palavras e te contar. Seria bom se você soubesse. Seria melhor, mas não pra nós. Isso tem me consumido, me matado aos poucos, e não conheço morte sentimental pior do que essa. Olhar pros lados, seguir em frente ou mesmo voltar atrás; eu enlouqueço, giro e caio chorando na cama. Isso, que muitos chamam de ciúme, eu prefiro não dar nome. Pra mim é coisa de maluco.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pura e simplesmente, na forma mais confusa


- Invejo seu coração.
- Ele bate por você – pensei. Devo ter corado. Por alguma razão senti vergonha de mim. Por que não dizer? Só pensar, sempre, mas que mania essa a minha. Censuro-me. Pare com isso, era só um desenho, não tem importância. Fria novamente? Você não pensou no desenho, admita, não precisa guardar tudo para si. Cansei, não quero pensar. Dane-se, agora já foi, quem sabe de uma próxima vez eu não sou mais valente? Só preciso de um abraço, do abraço. Será que isso você é capaz de fazer, menina orgulhosa?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tem valores que não mudam

Acordava cedo, em um quarto pequeno de apartamento, no meio da cidade grande. Comia fatias de pão integral com queijo minas, porque tinha que cuidar a alimentação. O achocolatado era light pra ajudar na perda de peso. Esperava a avó chegar, e iam de mãos dadas percorrendo as ruas cinzentas e mal cheirosas do bairro.
Entravam no clube e paqueravam os doces e crepes da feirinha. Não podiam, ambas, comer nada daquilo. Seguiam para o ginásio, preferiam as escadas ao elevador, e entravam na quadra. A professora e as colegas já estavam a postos, se alongando, umas ainda por chegar. Calçava a sapatilha, o que por sinal detestava, e se juntava às outras no chão empoeirado. Com o passar do tempo as músicas começavam a tocar e a coreografia deveria estar na ponta da língua, ou no corpo todo, como preferir. Fitas, bolas e arcos, certo contorcionismo e elasticidade, rostos concentrados, movimentos que tentavam se ritmar e o orgulho de quem assistia suas pequenas dançarinas tomavam conta do espaço escuro. Ao final de uma hora, as câimbras começavam e as sapatilhas surradas ficavam de lado, finalmente.
Já estava em tempo de voltar para casa, mas não sem antes seguir as ordens da nutricionista e tomar um iogurte de fruta já envelhecido da geladeira de casa. Mais uma vez os doces eram uma tentação, mas a barriga maior do que devia, acentuada pelo collant vermelho do clube, não a deixava esquecer as restrições.
O choro nunca veio e a aparência nunca foi um problema, muito menos um propósito. E assim a menina gordinha cresceu, vendo suas amigas desaparecerem debaixo de maquiagem, enfiadas dentro da academia. Isso também nunca foi um problema. Cada um esconde o que quer, mas essa menina sabe quem é amiga de verdade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estou a caminho


Só uma Kombi azul, meio velha com rasgos nos bancos, crianças pedindo doce no dia de Cosme e Damião, comprando doces dos vendedores ambulantes, achando atalhos nos postos de gasolina, comprando figurinhas na banca de jornal, tentando se ocupar no trânsito da cidade grande. Cachorro quente ou pipoca com Fondor; podia ser qual fosse a surpresa de sexta-feira, seria sempre suficiente pra deixar todo mundo sorrindo. “Penna, você leva os gêmeos ou prefere que a gente espere a Dedé?”
Bel, Ly e Gabriel, eu não esqueci vocês.

sábado, 17 de setembro de 2011

Isso tem que mudar


Ele bêbado, fedendo a cigarro. Ela lá dentro, pisando na lama. Eles na rua, reclamando, querendo entrar. Elas ouvindo música, ligando, chamando os amigos. E eu, no meio, pirando; uma vontade imensa de chorar, me esconder debaixo dos cobertores, no meio do abraço dos pais.
Mas se desesperar não adianta, não resolve os problemas. Não sei mais o que fazer. Nem as palavras conseguem mais me ajudar.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Coordenadora, papai, mamãe


Juro que tentei.
Juro que me esforcei.
Eu não consegui.
Geometria da molécula, hialuronidase, eutanásia, bomba de Na e K, par de elétrons não ligantes, Conferência de Berlim. Escutei, mas não entendi. As anotações no quadro, o rosto dos professores, tudo eu tentava ver, nada eu conseguia compreender.
Não foi falta de vontade. É tudo culpa da conjuntivite.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dependente antes, durante e depois


Viver é estar morrendo. Quero morrer contigo enquanto estiver vivendo. Passar o resto dos meus dias em nosso leito de morte, bem junto àquele que faz minha vida.
De mãos dadas sob o grande guarda-chuva preto, indo decompor no caixão de vidro. Um amor desinibido, sem vergonha de nossas vergonhas, nenhum acanhamento desse sentimento mortífero. Essa droga de dependência eterna, mas que sem ela não haveria o porquê de viver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O mais perto do tradicional


Sol ofuscante, céu de lilás. Cachinhos dourados pendendo no ar. O vento soprava, as folhas cantavam, e escondida no canteiro eu fiquei. Pássaros cortavam o céu, os cachorros latiam e o gato do vizinho já me olhava curioso. O que estaria uma menina fazendo no meio das flores? Procurando rosas de todas as cores, margaridas de muitos rostos, girassóis de vários tamanhos.
Mas isso tudo não é loucura não, seu beija-flor. Tenho uma amiga tão doce quanto mel, tão pura quanto pólen, que está fazendo aniversário. A importância que ela tem pra mim, não consigo medir ou sequer demonstrar. Não pretendo levar tuas flores, mas queria que ela as visse. Eu vim aqui te chamar, pra ir comigo na festa dela, e ver com teus próprios olhos, o raio de Sol que ela é. Poderias depois convidá-la, pra ver esse colorido todo?
Um ano e uns bocados, Dona Lauren sem vergonha, e já achasse um lugarzinho nesse coração de pedra. Espero que não saias dele nunca, mas se a senhorita fugir, pode ter certeza que poderá sempre voltar. EU TE AMO, muito.
Mariana M.
Florianópolis, Brasil
05/08/2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Tempo

Sentir o caminho de casa agora, lembrar de quando era divertido. Antes eu era uma criança inocente e ficava feliz com as coisas mais simples, hoje uma garota cujo conceito de simples mudou, e no amanhã, só enxergo uma mancha negra, um buraco de surpresas. Quando a criança virou garota e cada vez mais vira um borrão negro? Não consigo me lembrar.

domingo, 31 de julho de 2011

Com Cream Cheese

Nos ladrilhos brancos do banheiro, o cheiro artificial da camisinha de morango exala como droga. Seu pacote semi-aberto no chão me leva a pisar com a ponta dos pés e por pouco não regurgito todo o meu desjejum. Vou deixar a água correr, enrolar meu corpo nas toalhas de talco e morrer com chocolate; ele há de não me engravidar.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

E só

Fizemos um pacto com o Sol, é verdade. Agora olhe para ele e lembre-se de nós, tenha em mente que somos sinônimos, semelhantes e dependentes. O Sol não é nada sem nossa companhia, assim como olhar para a gente faz-te desejar Sol.
É assim, como nos filmes realmente, porque os dias são gravações dos sentimentos. E agora tudo o que você quer é Sol, piscina, uma leve brisa reconfortante e nós. Exatamente, você está pensando em nossa especial companhia. Se por algum acaso estivermos enganados, apenas deixe o relógio girar e aguarde toda a saudade louca que deixamos; depois corra e nos procure. Buscamos sempre estar o mais acessível a você, não se preocupe.
Com carinho, sua bebida favorita.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Só imagina

Imagina uma praia, de águas claras, espuma branca; fria. Imagina o vento batendo de frente, levando a areia. Imagina o cabelo, dançando nos ares, fazendo nó. Imagina os pensamentos, voando junto, pra bem longe. Imagina o caminhar, de tênis, calça e casaco, na direção do imaginário. Imagina a confusão, da minha cabeça, do meu corpo, do meu eu.
Bombinhas, Brasil
10/ 07/ 2011

domingo, 24 de julho de 2011

O presente é a idade

Eu. Velha com corpo de jovem, ou jovem com corpo de velha, já não sei ao certo. Via as folhas brincando no canteiro de obras, ai como doem minhas costas. O vento batia forte, cortando os raios de Sol que apareciam na rua. Mas minhas pernas não aguentam mais caminhar. Vou até o vizinho, ele está cuidando do jardim. Que vontade eu tenho de poder me abaixar que nem ele; não consigo mais. Os desenhos das crianças ainda estão nas portas, e eu sinto falta de quando meus braços não doíam. Até o modo de falar, as reclamações o tempo todo. Parece que os anos correram rápido demais. Vou comer. É o que as velhas mais gostam de fazer. Cozinhar e comer. Engordar. Vovó gordinha é sempre mais gostoso de abraçar.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Meu Monstro

Eu sinto alguém perto de mim, mas não posso ver. Quando olho pra parede, ele move de lugar. Ouço algo na janela, como asas contra o vidro.
Hoje é noite de lua cheia, os lobos uivam enfurecidamente. Meu sangue ferve e meu coração quase salta. Sinto um arrepio. Medo da morte, do sofrimento. O que eu posso fazer? Tão sozinha e temerosa. Pra que lutar? E se eu morrer? O que os outros vão dizer?

domingo, 19 de junho de 2011

Ultimamente

Tomada por um universo paralelo, me mudei para outro planeta e venho vivendo muito bem, obrigada.
Nas caixas do caminhão havia apenas livros. Sentei-me no meio delas antes de o motorista dar a partida e fiquei ali por toda a viagem.
Pode-se dizer que essa é uma busca, talvez por atenção, quem sabe por respeito. Tenho me escondido tentando ser encontrada, venho me perdendo na negritude das palavras que me cercam. É, eu menti; “bem” é como eu ainda não consigo ficar comigo mesma.

sábado, 18 de junho de 2011

Fugir daqui

E de repente, ou ao menos mais do que normalmente; bateu-me uma vontade infinita de largar tudo e fazer merda. Levantar da cama, roubar dinheiro de alguma vadia pelo centro, comprar das cachaças mais baratas e morrer no modo de dizer. Não dormir, dirigir, gritar, rolar, gemer e enfim escrever enciclopédias. Porque a energia que agora tenho guardada em minha massa cefálica, não se gasta se eu não me gastar também.

domingo, 5 de junho de 2011

O contrário do salgado

Lágrima é doce; e esse gosto eu senti hoje. Quando depois de muito segurar, sem mais nem menos desandei a chorar. Aquela gotinha doce um tanto ou quanto adocicada me passeou pelos dentes, escorreu na língua e se dissolveu como um sorriso falso. O que melhor que uma lágrima para adoçar o cafezinho?

domingo, 29 de maio de 2011

Eu te amo

Eu te amo pelo seu jeito de ser. Eu te amo pelo seu jeito de falar. Eu te amo pelo seu jeito de agir. Eu te amo pelo seu jeito de pensar. Eu te amo pelo seu jeito de viver; de ir ao bar e beber.
Eu te amo pelas tuas costeletas. Eu te amo pelas tuas sobrancelhas despenteadas. Eu te amo pelos teus cachinhos grisalhos. Eu te amo pela tua bermuda bem curta. Eu te amo pela tua camiseta de banda.
Eu te amo pelo simples erro que é te amar. Eu te amo pelo simples pecado que é te olhar. Eu te amo, menino mais velho. Eu te amo mesmo sem te amar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lembranças de um ontem próximo

Lembrar de nosso primeiro dia juntos e não derramar nem uma lágrima sequer; parece-me impossível. Cada sorriso mais alegre e sincero que o outro, cada abraço acolhedor, cada risada descontrolada. E só agora, a quilômetros de distancia, é que percebemos a falta que tudo isso faz.
Mas nós declaramos um fim a isso, afirmamos a todos que esse foi o final. Encantador, lindo, maravilhoso, mas agora acabou. E é por isso e muito mais que eu jamais quis que estas férias chegassem e que a formatura acontecesse.

Rio de Janeiro, Brasil

26/12/2010

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mãe, eu não to bem

“Quer maçã?”; “Quer que eu corte em cubinhos pra você?”; “Tens que fazer alguma outra coisa”; “Tenta ler um livro que você goste”; “Ah, não sabia que você gostava desse”; “Sai desse quarto, dá uma volta”; “Claro que você não consegue dormir; tá muito cedo ainda”; “Quer que eu fique aqui contigo?”; “Que eu te conte uma história?”; “Que eu deite contigo?”; “Que eu fique do teu ladinho?”; “E o pilates?”; “O que você tá achando?”; “Eu to pensando em voltar, sabia?”.
Você pode parar de falar, por favor!

sábado, 21 de maio de 2011

Dá-me um pouco de farinha?

Ô, seu vizinho, me dá um pote de farinha, seu vizinho? Eu sinto o cheiro do pão assando, seu vizinho. O senhor tem sal e farinha sim, seu vizinho. E tem salsinha e orégano também, seu vizinho. O ar já tem gosto de salame, seu vizinho. No seu forno tem salame assando, seu vizinho. Eu sei, seu vizinho. Não me engane, seu vizinho. Na geladeira tem manteiga, seu vizinho. Eu posso imaginar que tem, seu vizinho. Manteiga e azeite de oliva, seu vizinho.
Não me engane, seu vizinho. Não me maltrate, seu vizinho. O número de teu apartamento é italiano, seu vizinho. De quem faz pães italianos, seu vizinho. Por favor, seu vizinho. Tenha dó, seu vizinho. Eu quero ser italiana, seu vizinho. E fazer pães italianos, seu vizinho. Em uma noite italiana, seu vizinho. Para meu namorado italiano, seu vizinho. Dá-me um pouco de farinha?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mar de final de semana

Eu quero sol, eu quero mar, eu quero praia, eu quero areia, quero gente e quero brisa. Quero o vazio, quero o barulho, quero petiscos, quero família.
Nesse outono quase inverno, as praias já estão vazias, os casais circulam de mãos dadas, os barquinhos ficam estacionados na beira da água. Mas o sol ainda brilha calor, ainda esquenta a alma que as brigas esfriaram.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Risos, Rosas, Risos

Ao te escrever eu rio. Rio das quinze rosas que lhe comprei. Dar-te-ia todas elas em um buquê, ou talvez, uma a cada dia. Mas comprei-as cedo demais, por não querer te esquecer nem um minuto do meu dia. Vi-as perder a cor e murchar, como teus, agora passados, quatorze anos. Hoje, observo os pequenos botões crescendo, quinze jovens meninos que ainda hão de te arrancar sorrisos.
Segure tuas flores, coloque teu melhor vestido e venha dançar comigo. Aproveite sua noite; reservei o parque de diversões pra ti. Estarei te esperando na frente da montanha russa. Tire o salto alto que usavas e não tenha receio de pisar o chão descalça; o cobri com pétalas para não machucar-te. Corra, pule, salte, ande, pare; o tempo é seu e ele há de esperar a eternidade pensando em te fazer feliz.
Ao final da noite, ou quando você bem quiser, as várias piscinas do ano de formatura estarão ali, aguardando a alegria de uma linda menina loira. E quando teu diploma novamente receberes, quero poder do teu lado estar, dar-te a mão para seguir em frente, assim como se fez no ano que passou.
Desejo-te toda a felicidade que conheço, e a que desconheço também.
Com muito amor e não mais palavras bobas,
Mariana M.

Florianópolis, Brasil
12/04/2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Arquiteta da vez

Hoje caminhei diferente. Olhei pra cada casa; observei cada telha; cada janela; cada porta; cada arbusto; cada parede e cada muro. Investiguei, mas foi de longe mesmo, cada vidraça; cada tinta; cada lajota; cada ladrilho; cada muro; cada terreno. Nenhuma delas me agradou por inteiro, em todas eu mudaria algo. Talvez só a porta de bolinhas; ou a outra que é de frigorífico; o vidro verde junto à escada; a varanda que não tem mesinha; o jardim que é muito alto; a garagem que é muito grande. A do vizinho eu também mudava; tirava o pintor do telhado. O moço humilde, pra casa; sua música, que vá junto; seu cigarro, pro meu cinzeiro, depois de uma boa tragada.

sábado, 7 de maio de 2011

Ô, seu vizinho

A campainha toca; a porta abre; os pés caminham e estamos na cozinha. Quer açúcar, meu vizinho? Tem vinho e queijo ali no armário.
Minha banheira não é de Cazuza, minha banheira não tem ratos. Mas a cera das velas está derretendo no ralo. Tem espuma e tem rosas, tem perfume e tem champagne. Mas você não me beija e não me abraça, não me cheira e não me toca, não me morde e não me usa. Mas, ô, seu vizinho, o senhor não me enlouquece, o senhor só me entristece.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Comboios

Fico tonta com o número de vezes que a catraca gira, a quantidade de tombos que levo e a abundância de pessoas que entram no forno; só querendo chegar a suas casas. Aperto-me contra a parede, busco uma janela pra respirar e quase caio.
Eu atravesso a cidade naqueles carros fedidos lotados de gente, só pra ver quem amo. Se não te agrada essa ideia, sinto muito, continue em casa, sozinha, e me espere no sofá; voltarei, talvez.

sábado, 23 de abril de 2011

Alva

O dia ainda está amanhecendo; ainda é cedo, mas já está tarde. As grossas nuvens cobrem o céu e quase tocam os telhados barrocos, o mato se apagou, a grama não brilha e as pedras não estão quentes. Os pássaros que cantam; não os vejo, e por toda parte o silêncio tomou conta.
Estranho eu ter levantado, e ainda mais estranho meus pensamentos estarem vazios a ponto de eu observar o ar calmo que pende esta manhã. Obrigada por me dar folga, ao menos hoje.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Desaperta o sutiã

Tire as mãos do peito, solte o coração, grite à Lua e chame os astronautas. Vamos passar uns dias lá em casa, eu, você e eles; fumando o vento e bebendo a chuva.
Mesmo que E.T s precisem me explicar os planetas e as galáxias, não há ninguém que vá me fazer apagar os faróis do fusquinha anos 50 enquanto atravesso os roseirais do meu quintal. Talvez devêssemos arrumar alguma diversão para nossos novos companheiros, a menos que sejam como mistura de bolo antes de ir ao forno. Afinal, sou apenas uma, sou apenas sua. O que os vizinhos pensariam ao ver-me rindo do nada? Picharemos então, na porta da frente, anunciando nossa viagem de carro pelos fundos da casa, informando-os que quatro letras fazem sim a diferença quando dias abandonados se unem. Está decidido; grite à Lua, chame os astronautas, meu amor.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O ato de censurar

Na fria madrugada da noite, me cego de orgias e mares, de areias e peixes, que deixam livre seu sêmen nas águas escuras da eternidade perdida.
Teus glúteos na áspera parede de pedras me enfraquecem os gestos e envolvem o corpo. Na lua que geme, meus pensamentos ficaram, e antes tarde do que nunca, pássaros cobriram os gritos da doce dor do amor.
Na cabeça de baixo do mundo, a cobra que pela floresta rasteja com sua língua de duas faces, nos lábios se adentra novamente, tornando um novo indivíduo; aquele que são dois encaixados.

domingo, 10 de abril de 2011

Não quero dizer adeus

Havia tempo que eu não precisava de música alta para dormir, mas só agora me dou conta que o mundo gira cada vez mais rápido. E a partir de hoje, pelo visto, seremos apenas eu e eu mesma, deitadas na cama vazia, pedindo abraços quentes de inverno.
Escrevo no escuro, à luz do pequeno isqueiro que sempre fez duvidarem minha identidade. No meio da escuridão, tudo o que vejo são palavras imaginarias; tudo o que sinto são as gotas da torneira dos olhos que me esqueci de fechar.
Havia tempo que eu não me sentia tão assim, tão distante de todos. Pareço ser uma pedra de gelo, esfriando tudo à minha volta. Escute bem, tudo o que digo é verdade, não me venha falar que minto o que sinto; sei bem o que estou dizendo.
A, quer saber, quando acordar com os olhos vermelhos amanhã, talvez fique mais fácil de reescrever tudo isso.
Boa noite, pesadelos me esperam, preciso ir.

sábado, 9 de abril de 2011

Motivo de conquista

Alegre com um bem-te-vi, que brinca na boca de um leão de mármore. Alegre porque bem te vi, e brincastes com a boca de um leão sozinho.
“Coragem, mostras coragem e segurança para enfrentar os medos, docemente roubando os sentidos que lhes foi atribuído, e, tocando-me profundamente, espantando os temores e trazendo o desejo.
O desejo que me faz querer. Querer-te perto de mim. Quero-te perto de mim. Ontem, hoje e amanhã, para sentir teu toque, para te ver sorrir e entre os beijos, os abraços e os arrepios, dizer que eu amo você’’ – Como bem disse um querido Théo, que passava nas ruas de uma sala de aula.

sábado, 2 de abril de 2011

Ilusões Passadas

Ainda sou uma menina; imatura e dependente, sensível a qualquer voz doce que venha no pé do ouvido. Um beijo no pescoço e cairei das nuvens, por causa apenas, da gravidade. Venha! A gente gela algumas cervejas, coloca amendoim nos potinhos da mamãe e olhar pras estrelas deitados na laje da minha casa. Eu faço isso, eu faço tudo pra ter alguém aqui comigo. Nem que eu sofra mais do que ria. Eu quero jurar amor a alguém maior que um reflexo destorcido.
Despir-me-ei e deitarei em alguma cama fria, procurando o calor que contradirá o que disse.

terça-feira, 29 de março de 2011

Temporal

Se pudesses estar aqui, meu bem, enquanto minha caneta borra as gotas de chuva que já caem. Se pudesses estar aqui, meu bem, ver o tempo virar de repente, as nuvens passarem tão rápido. Se pudesses estar aqui, meu bem, acompanhar-me nesse caminho de rios. Se pudesses estar aqui, meu bem, verias lagrimas se confundirem na chuva; e saberias então, que estas são tuas. Lagrimas de ti, lagrimas pra ti, que eu esperava lhe fazerem voltar atrás.
Mas não são lagrimas minhas, nem finja se preocupar. Por mais que eu queira, parece impossível chorar. Imagino-me naquela praia, naquelas pedras, com aquelas luzes, aquele mar, aqueles bancos e aquelas estrelas. Chorar não seria o mais correto a se dizer, o que preciso mesmo é uma lagrima, apenas uma, escorrendo pelo meu rosto, desmanchando meu sorriso e destruindo a indestrutibilidade. Em qualquer lugar, a qualquer momento, eu imploro até mesmo às forças sobrenaturais que desacredito.
Deito a cabeça sobre o caderno escrito e eis que ela surge. Como sempre, leva meus pensamentos e destroça minhas palavras. São meras letras, afinal.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dia de Nada

Hoje eu gastei, passei horas em frente ao espelho me arrumando pra você. Lavei, sequei e passei o vestido que você gosta; escovei todo o couro da minha sandália e até dispensei o mais elegante salto alto, porque sei como detestas ser o mais baixo; preguei o botão que faltava na bolsa, aquela que me desse quando completamos quatro meses; prendi o cabelo pra não te dar trabalho; e, com todo o dinheiro que não gastei com manicure nos últimos meses, comprei lingeries que, imaginei, irias gostar. Mas você não telefonou, não escreveu e aposto que nem sequer pensou em mim. E eu fui tola, de novamente te querer onde jamais poderias estar, ao meu lado.

domingo, 27 de março de 2011

Querido Lar

Corro para não perder o ultimo ônibus da noite, sento-me com as pernas cansadas e o coração disparado, espero a partida em meio ao vazio terminal do madrugar de sábado.
Passam as ruas, as curvas, as árvores, os carros, as pessoas, os shoppings, as lojas, minha casa. Passam os morros, e o céu desaba sobre a janela daquele grande automóvel. O pára-brisa desliza no enorme vitral da frente, a corrida de gotas na janela termina ao piscar dos olhos e as cadeiras se esvaziam igualmente velozes. Chamo a atenção do motorista, solicito que pare e me jogo escada abaixo.
O que eu quero mesmo é pensar, deitar na areia e observar as luzes acesas do outro lado do mar. Relatar para mim mesma a quão esforçada eu fui, a fim de estar aqui, e agora as nuvens choram tanto que me impedem de fazê-lo.
Aguardo ansiosa pelo dia seguinte, me reviro à noite toda na cama da qual pretendo me livrar, mau acordo e já calço os tênis para ir te visitar. A caminhada não é longa, mas o que fazem estes desocupados na minha praia? Não veem, ela é imprópria para banho, e também suas calçadas eu ocupo. Removam suas músicas, vistam-se mais do que apenas as roupas intimas que agora usam, e saiam deste lugar. Mais uma vez, dou meia volta e me retiro; de minha casa fui mandada embora, de onde mais serei agora?

segunda-feira, 21 de março de 2011

Mesmo de costas, ainda posso escutar

Pedes sinceridade, não negue. Pedes e gostas. Às vezes gostas tanto que desgostas. E desgostosa como tu, não conheço a mais ninguém. De tanta amargura, passas a tarde sentada olhando fixo na parede branca; e sim, olhas na parede e não para a parede. Momentos assim e te pego olhando ao professor, lacrimejando tristeza que só. Pare, apenas pare de fingir não se importar. Acham-te forte o bastante para aguentar, mas toda essa armadura é puro papel alumínio, sabes bem. Imagino que concordes, espero que entendas; teus adversários são mais fracos. Esqueça, não é você que pretendo enganar. Acredite no que estais a pensar, tudo tem um fundo de verdade; e se essa verdade for colocar você como segunda opção, aceite, aceite e saia à francesa; busque refúgio onde for longe o bastante para esqueceres. Deixe que sintam a sua falta, e pode ter certeza que vão. Talvez fosse melhor não escutares o que falo e não seguires o que digo. Você pode, e provavelmente não vai, fazer falta alguma. Ao contrário, tua ida os fará bem. Dedicar-se-ão uns aos outros, sem nem se preocuparem com justificativas para suas ausências enquanto fingiam dar-te atenção.

domingo, 20 de março de 2011

Não me recheie isto de caramelo

Faça bom proveito do cheiro que deixei na tua camisa e do sabor que deixei na tua boca. Não paro de rir da sua pele arrepiada quando te toquei e no seu ouvido sussurrei. Não se dê ao trabalho de lembrar meu nome, sinto náuseas quando o pronuncia. Não se faça lembrar hoje, deixe essas coisas se perderem na memória, e agora cale a boca, me deixe ir embora, para nunca mais.
Aulinhas pra crianças; ensiná-las que não foram cegonhas que trouxeram elas ao mundo, eu até entendo, mas explicar essas coisas pra você já acho um exagero. Mostrar pros jovens que eles devem se prevenir nessas horas, eu concordo, mas te ensinar o que muitos deles mesmos sabem, é pedir demais.
Lembra das algemas que você usou quando estava na prisão? Elas vão te ajudar a não perder a mulher na primeira noite. Aqueles arcos de diabinho que sobram no final de toda festa à fantasia, também podem ser úteis. Vais precisar de um pouco de álcool pra ficar mais selvagem, pode apostar, mas acho que uma vodka barata dá conta. É importante não se esqueceres de pegar camisinha no posto de saúde, do menor tamanho mesmo, não se preocupe, só não queremos filhos pra você cuidar no futuro; você não seria um bom pai.
E finalmente,
Adeus

sábado, 19 de março de 2011

Domingo à noite

Perdão, com licença, vossa senhoria permitiria-me contar uma história?
Bem, sabes como passam os dias, certo? Comer, beber, dormir e escrever; assim passam os dias. Dentro desta rotina, portanto, como o nascer do Sol e da Lua, repetindo a todo o momento o vício das horas que não param. Esperei passar e caminhei junto, da Estrela Cadente fugindo de uma monotonia nervosa. Para bastante longe eu fui, dei adeus ao silencio que me sucumbia, desossava e destroçava, e mergulhei, apenas mergulhei, no vácuo.
Em alguma garagem vazia me sentei; na cadeira de praia amarela me recostei; cansada de saltar estrelas, desmoronei.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Piscina de Manteiga

Derreto-me e desfaleço; de rosto pálido escureço, a vista cansada de mulher mal amada; e no final desmereço.
O brilho da prata, beleza ingrata; quero-te junto, mas não há assunto. Pingentes de ouro, como tesouro; armas de diamante para seguirmos adiante; mas não adianta riqueza, quando não se tem franqueza.
Falta-me algo, falta-me salgo, falta-me ar, falta-te amar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Eis o leão

Não me peça para descrever o que vejo, não me peça para escrever o que penso, não me peça para sair da frente da janela neste dia chuvoso, porque eu ainda quero ver o mundo desabar.
Permita-me passar o dia nessa cama de viúva, cantando as canções que sempre me fizeram mal, tentando voltar no dia em que arremessei meu violão do terceiro andar, pensando nas coisas ruins da vida, olhando para a parede rabiscada de alguém que sequer conheço, abraçando o ar frio e lamentando as flores da vizinha. Deixe-me aqui, sozinha ou com um milhão de pessoas, só porque faz bem para a alma; e vá você desenhar na folha branca que teu professor pediu.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Boa Noite Cinderela

O meu amor é canibal, se fortalece ao mesmo tempo em que se destrói. Porque é tão difícil escrever? Minhas pernas tremem cansadas sobre o colchão pintado de roxo. Há também o texto da floresta negra, não posso me esquecer, mas agora não tem clima. O da pracinha também era razoável. Será possível as pessoas apenas reclamarem? Impressiona-me a quantidade de vizinhos inconformados que nos perseguem todos os dias. A sujeira no chão da cidade não pode se apagar enquanto não ganhar de presente canetinhas coloridas, e nem a blusa preta mergulhar nas águas desinfetantes do escuro serviço doméstico. Dormirei então, sobre o colchão de sangues duvidosos, e contarei, portanto, à fantasia de girafa, tudo o que aconteceu, para que relatos não me faltem, quando a saudade bater na porta.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Luva térmica

Fritura com gosto de velha guardada na geladeira é o que há. Requentada sobre o prato depois da mordida que me queimou a boca, pior apenas com a lágrima que me escorreu o rosto e no calor se perdeu.
Uvas verdes bem na frente, que não consigo nem fitar com os olhos. E uma verdade tentando se fazer, confunde ainda mais aquilo tudo com o qual eu vinha convivendo. O pai chama, os dedos correm para secar a tristeza em água, deixam os olhos ainda mais vermelhos e aparentes. O que aconteceu? Nada. É a resposta que todos escutam, mas não tem sinceridade daquela que a emite.

terça-feira, 1 de março de 2011

E se fizerem?

Porque sempre no mesmo caminho? Sempre escutando musica? Sempre refletindo? Sempre sorrindo? Porque sempre sob o sol? Sempre ventando? Sempre o céu azul? Sempre a grama fresca?
Porque sempre o mesmo tudo, igual ao tudo de ontem e antes de ontem ainda, pra tirar estas conclusões? A singela reta de calçamentos que me leva em um caminho torto até a confusão do amar, é também aquela que deveria me fazer deitar até a hora de despertar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fio dental

Eram mil risquinhos? É, eram mil risquinhos compondo a luminária no meio do teto branco de gesso no escritório da doutora bem vestida. Persianas beges, sofá verde claro, tapete de camurça e almofadas floral. Aromáticos e cabideiros, faces perdidas na desilusão da discórdia passada. Resmungos de um lado, verdades do outro, e o tempo passava descontrolado no relógio da parede. Acordai, acordai, desse sonho meramente real, acordai.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cadeira de cinema

Olhos semicerrados, cabelos em chamas, balbuciando palavras de morte aos pés do ouvido de outro. O fervor que me corria desde os pés à cabeça afogava-me na raiva que a ti cuspia fogo. Sangue humano evaporando dentro da própria pele que formiga e desmancha. Uma tesoura imaginária que destroça o teu corpo, queima tua mente e mata o teu eu.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Maçã Dourada

Letras, apenas letras; números, apenas números; guerras, apenas guerras; mortes, apenas mortes; vozes, apenas vozes; rostos, apenas rostos; vidas, apenas vidas; pessoas, apenas pessoas; sentimentos, apenas sentimentos; palavras, apenas palavras; jóias, apenas jóias; flores, apenas flores; amores, apenas amores; dias, apenas dias; textos, apenas textos; roupas, apenas roupas.
Para que tantos valores, se chegamos todos nus?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Icole

Levanta da minha cama e para de reclamar dos laços coloridos apoiados na janela. Não te ofereci tamanha intimidade, nunca tentei te enganar dizendo algo além da verdade. Se parece que liguei uma estufa no meu quarto, foi porque datas não me importam e talvez vocês gostem de me ver ardendo. E por causa também da estação, retire-se imediatamente de meus lençóis ou fará com que queimem antes mesmo de eu poder usá-los esta noite. Agradecida.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Isso tem nome

Advertências, falta de concordância, pensamentos controversos e um grande equívoco. Por mais que fosse de se esperar, os gêmeos não se parecem em nada e torna-se cada dia pior qualquer tentativa de caracterizá-los parecidos. Seria gratificante se, assim, por acaso, se assemelhassem em suas formas de pensamento e manifestação. Como de costume, desejos não se realizam dessa forma e só fazem aumentar uma confusão cerebral já existente em pessoas-incógnitas. Humanos estes, que se dizem extraterrestres, não sabem o tipo sanguíneo, são desorganizados e ignorantes.
Agora, depois de toda uma viagem sem propósitos, explique-me porque nos lembramos de rosas amarelas quando vasos de vidro nos reservam rosas vermelhas sobre a cama? Porque compramos confeitos antes mesmo de sabermos a receita? Porque pedimos cachorros se nem ao menos cuidamos de um peixinho no aquário?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Concordata

O objetivo é fazer-te apaixonar. Justificaria isto o porquê do pacto com o Sol? A missão seria deixar-te bobo, sonhador, alegre e dependente. Sua expressão ao ver o Sol nascer, foi exatamente igual a quando você descobriu a passagem secreta. O brilho surgindo perdido no horizonte é como a chama que surge no teu olhar todas as vezes em que abres a porta de vidro procurando diversão, pega-a nas mãos e a leva contigo pelo caminho.
Sabes que o porquê de todo esse comportamento é apenas nosso acordo com o Sol, certo? Pois bem, tudo isso são palavras de sua bebida mais querida.
Por confesso,

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ataque cardíaco

Sabe quando tem aquela gordura localizada? Mas não a que estamos acostumados; ela estava passeando pelo coração e resolveu ali se instalar. Passou um tempo e nada dela partir. Meu sangue já não era bombeado com a mesma intensidade, e com o passar do tempo a artéria simplesmente se fechou. O sangue não chegava até o final do órgão vital, era como se houvesse uma barreira, e realmente havia. Todo o fluxo precisaria dar meia volta e seguir o caminho contrário, e foi isso que aconteceu.
Senti-me como toda a mistura de Plaquetas, Plasmas, Glóbulos Brancos e Vermelhos, que tentava caminhar e era pulsado em força contrária. Ignorando o fato de o problema aqui presente ser grande, havia um ainda pior. O que acontecia era justamente que na hora de ser regurgitada pela válvula, a impressão era sempre de que o fundo seriam bocas de cachorros ferozes. Sim, era tudo o que eu via.
Queria eu poder compartilhar essas imagens, ou talvez apenas conseguir descrevê-las melhor. Porque ao mesmo tempo em que aquele pesadelo piorava, foi divertido, e, diferente.