sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Chorar pode não ser o mais exato verbo

Acordei chorando. O motivo, eu nem desconfio. Talvez eu tenha sonhado com ele, com você, com o medo, com a morte; tanto faz. Sentei-me a observar as nuvens brancas que pairavam no belo céu azul, e lágrimas me escorriam a face. Sem lamentos, sem angústia, eu apenas chorava. Choro pode não ser a palavra certa, melhor dizer que eu lacrimejava. É, choramingava por algo que meu consciente desconhecia.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Vou levá-lo rosas

A água corrente por entre as rodas passantes fazia com que o pequeno carro, no meio da madrugada, dançasse pelo asfalto. Ia para um lado, depois para o outro, em seguida um rodopio e parou para descansar sob a sombra de uma grande árvore. Buscava se esconder da lua, descansar em paz, mas logo uma música se iniciou; tentava impedir que este caísse em sono profundo. [...]

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Manter a tradição

Enfim. Um raro frescor no verão, sol nascente e ainda sereno, pessoas caladas, o canto dos pássaros, sossego. Nada pra fazer, talvez alguém esteja levantando para ir trabalhar, outro voltando para casa, mas não eu. No chão, junto à grande porta de vidro; não quero sair, estou bem aqui. Minhas pernas podem doer, minha cabeça latejar um pouco, mas deitar e dormir parece impossível.
Nada animador para fazer, só me resta continuar a observar.
Tão bom ver o amanhecer, imaginar olhar em teus olhos e poder dizer...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sem título,

Sem letra, sem motivo, sem emoção, sem duvida, sem amor, sem diversão, sem guerra, sem histeria, sem tristeza, sem verdade, sem fogo, sem carinho, sem documento, sem paz, sem paixão, sem alegria, sem sorriso, sem imagem, sem vida, sem promessa, sem voz, sem opinião, sem tempo, sem gente, sem desejo, sem decepção, sem brincadeira, sem erro, sem sinceridade, sem opção, sem medo, sem beleza, sem ar, sem arrependimento, sem cor, sem história, sem frase.
Sem texto, sem nada.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Antigamente

Tantas cartas eu escrevi, mas nunca tive coragem de enviar. Tantos amores eu deixei por vergonha de me expressar, mas agora já sou velha de mais pra sonhar. As amizades ficaram apenas na memória, largadas no tempo. Os amores que acabavam sempre após um verão, inspiraram pequenos textos. As saudades nutridas que nunca cessavam machucaram meu coração. Mas hoje em dia os meios de comunicação são muitos. Às vezes penso em mandar as cartas, mesmo que seja tarde demais. Tentar reencontrar os amigos não é má ideia. Talvez recuperar o tempo perdido nas grandes distâncias do passado. Rever os familiares que continuaram nas cidades pequenas sem manter contato pela dificuldade que era na época. Só não pretendo relembrar os amores passados. Muitos talvez não estejam nem mais aqui. Sei que são coisas difíceis de conseguir, afinal, não mantive contato com aqueles que fizeram minha história. Naquela época era complicado encontrar os amigos distantes, andávamos sempre nos mesmos grupos e todos conheciam as mesmas pessoas. Nossa vizinhança era tudo que tínhamos, nossos conhecidos eram primeiramente os freqüentadores da escola e do trabalho, esticando-se apenas para mais alguns familiares.
Maria Antonieta

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Amanhã

Aquele dia eu não chorei, na frente de todos nem uma lágrima escorreu. Hoje, pensando no amanhã, me arrependo por não ter cedido à vontade que me consumia. Agora, sem ninguém para me abraçar forte e me consolar, sem ninguém para sentar e chorar comigo, posso enfim sentir meus olhos transbordarem e inundarem minha visão. Mas dessa vez, quase que certamente eu digo; é como um treinamento para o dia seguinte.
A maquiagem da preguiçosa e desleixada garota escorre por sobre a pele bronzeada do mais recente verão, as mãos tremem e seu rosto toma uma cor entre rosa e vermelho. As fracas pernas bambeiam ao se levantarem; ela não quer caminhar, não quer continuar, não quer acabar essa família que acabou de se formar.Não vou dizer adeus, eu me nego!

Esse não precisa ser o final

O tempo passa, o tempo voa. E daqui a pouco vamos estar cada um em seu caminho, sem sequer lembrar uns dos outros. Será mesmo? Será que iremos nos cruzar nas ruas e não vamos nos abraçar, conversar ou nem ao menos nos cumprimentar? Será que vamos nos fazer de estranhos depois de passarmos anos dizendo que somos unidos e inesquecíveis?
Não! Eu não quero esquecer! Quero que venham mais e mais lembranças, momentos para recordar; mas jamais esquecer. Não é justo apagar tudo isso. Espero realmente lembrar-me de vocês. Agora é ver o que acontece.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Coração de pedra?

Não, não; de manteiga mesmo!
Posso não parecer, não querer me envolver, não deixar me entregar, mas tudo isso é para evitar me machucar.
Pior do que não ter é dizer adeus. Está bem, talvez isso não seja a verdade mais absoluta. Mas de qualquer forma, sem um começo não há um final, e supostamente, sem um final não há sofrimento.