domingo, 29 de maio de 2011

Eu te amo

Eu te amo pelo seu jeito de ser. Eu te amo pelo seu jeito de falar. Eu te amo pelo seu jeito de agir. Eu te amo pelo seu jeito de pensar. Eu te amo pelo seu jeito de viver; de ir ao bar e beber.
Eu te amo pelas tuas costeletas. Eu te amo pelas tuas sobrancelhas despenteadas. Eu te amo pelos teus cachinhos grisalhos. Eu te amo pela tua bermuda bem curta. Eu te amo pela tua camiseta de banda.
Eu te amo pelo simples erro que é te amar. Eu te amo pelo simples pecado que é te olhar. Eu te amo, menino mais velho. Eu te amo mesmo sem te amar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lembranças de um ontem próximo

Lembrar de nosso primeiro dia juntos e não derramar nem uma lágrima sequer; parece-me impossível. Cada sorriso mais alegre e sincero que o outro, cada abraço acolhedor, cada risada descontrolada. E só agora, a quilômetros de distancia, é que percebemos a falta que tudo isso faz.
Mas nós declaramos um fim a isso, afirmamos a todos que esse foi o final. Encantador, lindo, maravilhoso, mas agora acabou. E é por isso e muito mais que eu jamais quis que estas férias chegassem e que a formatura acontecesse.

Rio de Janeiro, Brasil

26/12/2010

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mãe, eu não to bem

“Quer maçã?”; “Quer que eu corte em cubinhos pra você?”; “Tens que fazer alguma outra coisa”; “Tenta ler um livro que você goste”; “Ah, não sabia que você gostava desse”; “Sai desse quarto, dá uma volta”; “Claro que você não consegue dormir; tá muito cedo ainda”; “Quer que eu fique aqui contigo?”; “Que eu te conte uma história?”; “Que eu deite contigo?”; “Que eu fique do teu ladinho?”; “E o pilates?”; “O que você tá achando?”; “Eu to pensando em voltar, sabia?”.
Você pode parar de falar, por favor!

sábado, 21 de maio de 2011

Dá-me um pouco de farinha?

Ô, seu vizinho, me dá um pote de farinha, seu vizinho? Eu sinto o cheiro do pão assando, seu vizinho. O senhor tem sal e farinha sim, seu vizinho. E tem salsinha e orégano também, seu vizinho. O ar já tem gosto de salame, seu vizinho. No seu forno tem salame assando, seu vizinho. Eu sei, seu vizinho. Não me engane, seu vizinho. Na geladeira tem manteiga, seu vizinho. Eu posso imaginar que tem, seu vizinho. Manteiga e azeite de oliva, seu vizinho.
Não me engane, seu vizinho. Não me maltrate, seu vizinho. O número de teu apartamento é italiano, seu vizinho. De quem faz pães italianos, seu vizinho. Por favor, seu vizinho. Tenha dó, seu vizinho. Eu quero ser italiana, seu vizinho. E fazer pães italianos, seu vizinho. Em uma noite italiana, seu vizinho. Para meu namorado italiano, seu vizinho. Dá-me um pouco de farinha?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mar de final de semana

Eu quero sol, eu quero mar, eu quero praia, eu quero areia, quero gente e quero brisa. Quero o vazio, quero o barulho, quero petiscos, quero família.
Nesse outono quase inverno, as praias já estão vazias, os casais circulam de mãos dadas, os barquinhos ficam estacionados na beira da água. Mas o sol ainda brilha calor, ainda esquenta a alma que as brigas esfriaram.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Risos, Rosas, Risos

Ao te escrever eu rio. Rio das quinze rosas que lhe comprei. Dar-te-ia todas elas em um buquê, ou talvez, uma a cada dia. Mas comprei-as cedo demais, por não querer te esquecer nem um minuto do meu dia. Vi-as perder a cor e murchar, como teus, agora passados, quatorze anos. Hoje, observo os pequenos botões crescendo, quinze jovens meninos que ainda hão de te arrancar sorrisos.
Segure tuas flores, coloque teu melhor vestido e venha dançar comigo. Aproveite sua noite; reservei o parque de diversões pra ti. Estarei te esperando na frente da montanha russa. Tire o salto alto que usavas e não tenha receio de pisar o chão descalça; o cobri com pétalas para não machucar-te. Corra, pule, salte, ande, pare; o tempo é seu e ele há de esperar a eternidade pensando em te fazer feliz.
Ao final da noite, ou quando você bem quiser, as várias piscinas do ano de formatura estarão ali, aguardando a alegria de uma linda menina loira. E quando teu diploma novamente receberes, quero poder do teu lado estar, dar-te a mão para seguir em frente, assim como se fez no ano que passou.
Desejo-te toda a felicidade que conheço, e a que desconheço também.
Com muito amor e não mais palavras bobas,
Mariana M.

Florianópolis, Brasil
12/04/2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Arquiteta da vez

Hoje caminhei diferente. Olhei pra cada casa; observei cada telha; cada janela; cada porta; cada arbusto; cada parede e cada muro. Investiguei, mas foi de longe mesmo, cada vidraça; cada tinta; cada lajota; cada ladrilho; cada muro; cada terreno. Nenhuma delas me agradou por inteiro, em todas eu mudaria algo. Talvez só a porta de bolinhas; ou a outra que é de frigorífico; o vidro verde junto à escada; a varanda que não tem mesinha; o jardim que é muito alto; a garagem que é muito grande. A do vizinho eu também mudava; tirava o pintor do telhado. O moço humilde, pra casa; sua música, que vá junto; seu cigarro, pro meu cinzeiro, depois de uma boa tragada.

sábado, 7 de maio de 2011

Ô, seu vizinho

A campainha toca; a porta abre; os pés caminham e estamos na cozinha. Quer açúcar, meu vizinho? Tem vinho e queijo ali no armário.
Minha banheira não é de Cazuza, minha banheira não tem ratos. Mas a cera das velas está derretendo no ralo. Tem espuma e tem rosas, tem perfume e tem champagne. Mas você não me beija e não me abraça, não me cheira e não me toca, não me morde e não me usa. Mas, ô, seu vizinho, o senhor não me enlouquece, o senhor só me entristece.