domingo, 27 de março de 2011

Querido Lar

Corro para não perder o ultimo ônibus da noite, sento-me com as pernas cansadas e o coração disparado, espero a partida em meio ao vazio terminal do madrugar de sábado.
Passam as ruas, as curvas, as árvores, os carros, as pessoas, os shoppings, as lojas, minha casa. Passam os morros, e o céu desaba sobre a janela daquele grande automóvel. O pára-brisa desliza no enorme vitral da frente, a corrida de gotas na janela termina ao piscar dos olhos e as cadeiras se esvaziam igualmente velozes. Chamo a atenção do motorista, solicito que pare e me jogo escada abaixo.
O que eu quero mesmo é pensar, deitar na areia e observar as luzes acesas do outro lado do mar. Relatar para mim mesma a quão esforçada eu fui, a fim de estar aqui, e agora as nuvens choram tanto que me impedem de fazê-lo.
Aguardo ansiosa pelo dia seguinte, me reviro à noite toda na cama da qual pretendo me livrar, mau acordo e já calço os tênis para ir te visitar. A caminhada não é longa, mas o que fazem estes desocupados na minha praia? Não veem, ela é imprópria para banho, e também suas calçadas eu ocupo. Removam suas músicas, vistam-se mais do que apenas as roupas intimas que agora usam, e saiam deste lugar. Mais uma vez, dou meia volta e me retiro; de minha casa fui mandada embora, de onde mais serei agora?

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